Indicado a Melhor Filme no Festival de Cinema de San Sebastián e candidato ao Oscar de Melhor Filme Internacional pelo Chile, No Lugar da Outra prende a atenção desde o primeiro minuto com uma trama baseada em uma história real incrível.
Qual a trama de No Lugar da Outra
Disponível na Netflix desde sexta-feira, 11 de outubro, o filme conta a história de Mercedes (Elisa Zulueta), secretária de um juiz em Santiago, Chile, e de María Carolina Geel (Francisca Lewin), uma assassina. Em 1955, algo surpreendente: o crime e o castigo descritos no filme de Maite Alberdi realmente aconteceram.
Somente isso já seria o suficiente para criar uma narrativa fascinante. María Carolina Geel, uma escritora famosa, assassinou a tiros seu ex-amante enquanto tomavam chá no hotel mais elegante da cidade. Ela foi enviada a um convento para cumprir prisão preventiva e recebeu uma sentença leve (menos de dois anos de prisão), sendo depois libertada por um indulto presidencial. Alberdi, conhecida por filmes como “O Agente Topo”, transformou esses eventos na base de No Lugar da Outra.
É um recurso engenhoso para uma das melhores produções da Netflix em 2024. Mercedes é uma escrava de todos ao seu redor, tanto em casa quanto no trabalho. Seu marido, Efraín (Pablo Macaya), é um fotógrafo ineficiente, cujo estúdio ocupa grande parte de seu pequeno apartamento. Mercedes sussurra instruções sobre iluminação enquanto sai para seu próprio trabalho. Seus dois filhos, já adultos, pouco fazem (nem eles nem o pai parecem saber como lavar os pratos), exceto brigar e se espremer nos espaços apertados.
Quando o juiz envia Mercedes para pegar roupas limpas na casa de sua prisioneira famosa, ela de repente se vê em um paraíso de relativo luxo e calma, ficando fascinada pelo caso. Ela rega as plantas de Maria, experimenta suas roupas e começa a usá-las para ir ao trabalho. Pode comer tranquilamente no espaço arejado de Maria, ler qualquer livro.
Há uma cama onde ninguém ronca em seu ouvido. Também há momentos de tensão, como quando um homem ligeiramente bêbado, com sua própria chave, chega e a encontra vestida com o roupão de veludo que deu a Maria de presente de aniversário. O visitante boêmio e desleixado ri; não se importa com quem é Mercedes. “Esta casa é como uma embaixada”, diz. “Muitas pessoas já encontraram refúgio aqui”.
Mais detalhes sobre No Lugar da Outra
“No Chile do século XX, a maioria das mulheres condenadas por assassinato foram perdoadas pela justiça apenas por serem mulheres, pois condená-las lhes daria visibilidade. Os indultos sempre faziam alusão à loucura das assassinas, mas ninguém realmente ouvia seus motivos”, explica Maite Alberdi sobre a história que conta em seu primeiro longa-metragem.
“Em No Lugar da Outra, um desses casos é observado por Mercedes, uma mulher também invisível naquela época, que, no meio dos debates sobre culpa ou inocência, percebe que a prisão é relativa, e a liberdade está relacionada ao seu próprio espaço. Ela entende que a única forma de forjar identidade e espaços pessoais e criativos é na defesa do mínimo, um lugar de silêncio, um espaço próprio, algo que ela aprende ao habitar o lugar da outra”, acrescenta a diretora.
Filmado no Chile e com roteiro de Inés Bortagaray e Paloma Salas, a produção é uma interpretação cinematográfica de Alberdi de um dos relatos do livro “Las Homicidas“, de Alia Trabucco Zerán. “El lugar de la otra” (nome original) é estrelado pelas renomadas atrizes chilenas Elisa Zulueta e Francisca Lewin, e conta com um grande elenco que inclui Marcial Tagle, Gabriel Urzúa, Pablo Macaya, entre outros.
Veja o trailer abaixo:
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